A opinião de todos os atores é importante, em um programa como PorAmérica, do qual participaram fundações empresariais e organizações de base de seis países, junto com a RedEAmérica - a rede temática que impulsiona o desenvolvimento de base na região, com o BID – FUMIN e com o Consórcio para o Desenvolvimento Comunitário da Colômbia, que foi o organismo executor do programa. Aqui você poderá saber mais!
O fortalecimento das organizações de base e o melhoramento da geração de renda foram os principais objetivos de PorAmérica. Neste programa, foram assumidas responsabilidades importantes e desafios inovadores: a formulação dos projetos, o manejo direto dos recursos, a prestação de contas, o acompanhamento e a sistematização das experiências.
143 ODBs se envolveram com 70 projetos em 6 países em uma iniciativa que certamente constitui um marco importante e pioneiro na cooperação entre o setor privado e os organismos internacionais no que diz respeito ao investimento social. Aqui apresentamos seis importantes opiniões de representantes das ODBs:
El Arca Consumidores é uma organização que tem nove anos e meio e procura propiciar o encontro entre pequenos produtores (têxtis, de alimentos, artesanatos, serviços) e consumidores (redes de famílias, empresas de diferentes tamanhos, instituições públicas e outras organizações sociais). Eles se denominam uma comunidade prosumer, ou seja, uma comunidade de produtores e consumidores unidos em torno dos conceitos: consumo consciente e comércio justo.
“A gente já estava pensando em subir de escala - comenta Pablo-, de melhorar o que fazíamos. E tivemos acesso a este programa visando quatro resultados: o aumento da produção; o aumento da escala de comercialização; o registro e a sistematização da nossa experiência; e um plano de capacitação dos dirigentes e da equipe operacional.
“O que PorAmérica nos facilitou foi um plano que nos permitiu mudar de escala e obter os recursos para executá-lo. Nós pudemos duplicar as nossas vendas e oferecer um serviço muito mais completo aos produtores. Conseguimos também chegar aos consumidores em uma escala que até agora não tínhamos podido. Esse fortalecimento e esse apoio, principalmente na área de produção e comercialização, ajudaram também a aumentar a visibilidade da nossa organização.
“Em termos de fortalecimento, o programa nos ajudou: a registrar e sistematizar cada um dos passos que fomos dando; a fazer uma teoria a partir da própria prática; a descobrir os novos desafios e a procurar respostas para as problemáticas que surgiam, principalmente aquelas respostas que eram efetivas”.
“Nesse entorno, foi possível construir muito conhecimento que não só tem sido importante para a organização, mas que também pudemos comunicar, compartilhar, com as organizações irmãs que têm surgido observando este sistema, o da Arca Córdoba e o da Arca Neuquén e também o sistema de outras organizações em outros lugares do país.
“Acho que também deve ser destacado e que não se encontrava nos documentos iniciais, que El Arca tem tido uma participação muito forte e destacada no Fórum de Economia Social de Mendoza. Esse Fórum, em um processo que levou mais de dois anos, conseguiu sancionar uma lei de promoção da economia social que hoje beneficia a mais de 10.000 produtores na província”.
“Eu acho que o projeto apresenta um ponto difícil de administrar, que é a necessidade de um alto nível técnico para se fazer todos os relatórios e as prestações de contas. Parece meio contraditório levar este programa aos mais vulneráveis, com uma ferramenta que requer uma preparação técnica importante. E digo mais, em relação ao pessoal, tive que dedicar muitas horas para poder conectar essas duas realidades, para que a organização pudesse estar constantemente tomando decisões, entendendo, compreendendo cada um dos passos administrativos”.
“Desde o ponto de vista da renda, tem havido um aumento notório, tangível. A renda duplicou ao longo do projeto. Um sistema como o da Arca, onde cada vez que vende um produto guarda 15% para sustentar a organização, também faz ela crescer e se aproximar cada vez mais da autossustentabilidade, o que não é um progresso pequeno neste tipo de organização”.
“Talvez os indicadores que são às vezes mais difíceis de quantificar, mas possíveis de qualificar, são os mais interessantes, aqueles que são intangíveis. Por exemplo, como cresceu a capacidade de liderança na Arca? Como cresceu a autoestima da família de produtores? Como aumentou o envolvimento tanto da Diretoria como da equipe operacional com a organização? Se a gente fizer uma retrospectiva, sente que o que se viveu foi realmente importante para a organização”.
A Asopim é uma das três organizações que fazem parte da Rede de piscicultores cultivadores de alevinos na represa de La Salvajina, junto com a APISMO e a ASPROINCA. As três estão dedicadas à produção de carne de tilápia vermelha em uma zona castigada pelo conflito armado. A Asopim é também a operadora do projeto que apresentaram para PorAmérica para o melhoramento da produção e o fortalecimento dos processos de autogestão e empresariais de cada associação e da rede de piscicultores.
“PorAmérica nos motivou muito, porque somos organizações de base de pequenos produtores com muitas dificuldades na parte associativa, socioempresarial, na parte dos processos, de mercado. PorAmérica nos ofereceu junto com o BID - FOMIN capacitação nessas áreas onde tínhamos grandes problemas. Bem ou mal, obtínhamos um produto e estávamos lutando, mas precisávamos que as organizações de base e a rede que possuíamos funcionassem. Por isso, a proposta era interessante para a gente. Além disso, estava presente uma organização acompanhante, a Fundação EPSA, que alavancava o processo em um componente no qual os recursos do BID FOMIN não eram permitidos: investimento direto no produto, na infraestrutura, nos recursos para a produção”.
“Foi um casamento bem feito e nos deu um bom resultado. Ainda continuamos melhorando. As oficinas precisamente nas quais estamos são para inovar, para solucionar alguns inconvenientes ainda não superados. No caso da gente, por exemplo, na produção de alevinos na zona”.
“PorAmérica o que mais nos tem ajudado é no fortalecimento da rede, na parte social, ou seja, na mudança de atitudes, no empoderamento do que fazemos, a ter as ferramentas básicas como, por exemplo, os planos de negócios, o intercâmbio de experiências. Nós realizamos uma série de viagens para ver a produção em outras partes. Tudo isso nos motivou ainda mais, ficamos um pouco mais organizados. E isso nos tem ajudado na hora de tomarmos boas decisões em relação às dificuldades que vão surgindo”.
“Entretanto, o processo de PorAmérica é muito exigente, os relatórios, a prestação de contas, para entendê-los e tudo mais, mas assumimos como um desafio que tínhamos que superar e aprender com ele. Conseguimos, mas continuamos achando que no caso dos nossos associados que não têm o ensino fundamental completo, tudo isso era difícil.
“Em todo o caso, com PorAmérica foram abertas algumas portas enormes no mercado e agora estamos trabalhando duro para solucionar problemas nos processos de produção de alevinos. Como as três organizações se especializam em produção de carne, recria e engorda de tilápia, são necessários alevinos produzidos na zona. A rede faz isso para as três. Mas é muito caro e é preciso fazer um melhoramento genético, e nisso estamos. Estamos procurando parcerias com outros produtores de alevinos para diminuir a porcentagem de mortalidade, o que aumentaria a produção. Se aumentarmos a produção, consequentemente a renda dos associados das organizações também aumentará.
“Outro fator importante é que a rede se tornou conhecida externamente, foram obtidos recursos e se avançou na gestão para procurar uma solução para o problema. De fato temos um projeto aprovado por Ciência e Tecnologia para fazer uma pesquisa sobre o tema. Externamente, a rede está muito bem posicionada.
“Avançamos também em algo que consideramos muito importante, no manejo de três etnias que se unem, porque a Asopim é uma associação de afrodescendientes, a Apismo é de camponeses e a Asproinca é de indígenas. Por isso, esse processo étnico tem um certo grau de dificuldade, mas conseguimos chegar a acordos mediante processos de capacitação, que nos levaram a entender que deve haver alguns princípios básicos. Por exemplo, o respeito das dinâmicas de cada cultura, como cada grupo étnico toma decisões, a honestidade e a tolerância. Ou seja, certos fatores que fazem com que os três grupos étnicos trabalhem unidos para solucionar um problema em comum: melhorar a renda dos associados”.
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